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Viana do Castelo, Portugal
Não sou uma, cem, mil mulheres. Sou especial a minha maneira ~

25 de novembro de 2009

Tenho a lareira acesa e o cobertor sobre mim. Tenho meias calçadas e não me esqueci das pantufas! Fui até buscar o cachecol e o gorro. Nada. Nada afasta este frio. Está mesmo frio, faz tanto frio...
Estou enrolada a mim, completamente enroscada no meu corpo. Faz tanto frio ... Quero aquecer, vou à rua, vou correr !
Vesti o fato de treino, as sapatilhas, o cachecol e o gorro. Aqui vou eu, em frente, sempre a querer vencer, sempre a lutar.
Eu passei por pessoas, eu passei por jardins, por rios, cascatas de água. Passei a correr e vi tudo em câmara lenta. O meu olhar parecia o jogo do encontra, "encontra-o" ! Eu corri que nem louca, corri em busca, corri em vão.
Quando bati a porta de casa, em sinal de chegada, eu suava, suava como se uma fogueira me tivesse engolido. Pensei que seria assim. Tomava um banho, limparia a sujidade, limpava-me, limparia a água, vestia-me esconderia meu corpo, meu pudor, minhas imperfeições, eu deitava-me, adormecia, aquecia corpo, aquecia alma.

Agora, já não tenho lareira, já não tenho paisagens a olhar, já não tenho chegada reconfortante, já só me tenho a mim, à minha cama, ao meu cansaço. Sinto que falta algo...
Fechei os olhos. Espera ! Aqui estás ! É assim, é sempre assim. É agora, neste silênio nocturno, neste sorriso de vitória, é agora que o jogo do "encontra", que os meus olhos todo o dia fazem, recebe a sua merecida recompensa. É talvez assim, apenas em sonhos, que te reencontro, que te vejo, que te tenho perto. Perto do sonho, do pensamento, da ilusão.
Poderiam estar até 40º neste quarto, eu poderia estar a assar numa fogueira que me engoli-se, que sempre, sempre estaria de alma fria ! Por estar sozinha, por estar sem ti. Faz frio ...Faz tanto frio ... neste ser, nesta alma.

24 de novembro de 2009

Lembra-te de mim

Abri a porta. A noite era escura e fria e eu, ali, sozinha. Abri a porta mesmo sem ter tocado a campainha, sai e olhei. "Que frio!" sussurrei entre os meus medos. Voltei para dentro.
Eu fui ao sofá, eu fui á cama. Eu fui à banheira e tomei banho. Talvez a água quente me aquecesse aquele corpo que por momentos se sentiu torturado por tanto sentimento. Eu fiz do silêncio o som da minha vida naquele momento.
Fechei os olhos. Corre água tórrida por meu corpo e eu vou sentindo todas as gotas a tocarem-me, em todo o lado, em todo o meu corpo. Fiz delas teus dedos, tuas mãos. Naquele escuro só te via a ti, naquele calor senti-me fria por não ter o teu corpo colado no meu.
Tocou a campainha !
Sai a correr entre aquele nevoeiro, enrolada na toalha, fui a correr, fui abrir. Não vi ninguém. "Onde estás?", sussurei novamente, agora, entre o vibrar da esperança.
No chão, estava escrito "..." .
Não vieste hoje, de novo. Eu voltei para dentro, nao fui ao sofa, não fui à cama. Fui apenas à banheira. Entre tanta água nunca se notariam as minhas lágrimas.
É assim todos os dias, desde o dia em que foste embora.

E agora aqui, continuo no silêncio, à espera que batam a porta e que sejas tu. Que me olhes, me abraces, que me digas "Ainda me lembro de ti, ainda sinto a tua falta! Voltei!" .
São lembranças, são sinais.

18 de novembro de 2009

Dizem que escrever é a forma mais fácil que temos de nos expessar e de desabafar quando a nossa voz se torna muda de repente.
Hoje não sinto qualquer necessidade disso.

Apenas senti vontade de olhar a vida, o passado e o presente. Que tenho os melhores amigos do mundo, disso não há dúvida ! Não são todos os que, por culpa da imensa saudade, se vão enfiar na minha casa a comer bolo á luz as velas porque não havia luz ! Nem são todos os que faltam ás aulas para me dar um abraço de coragem, ou para me dizerem "força, estou aqui!" . Não, não é toda a gente. Cresci a sentir que a minha verdadeira família são os meus amigos, mas pensando bem, já tantos e tantos me fizeram chorar e sofrer, tantos vieram e tantos foram.
Na verdade, por mais que pense em todos os defeitos que a minha família possa ter, eu sei que todos eles vão estar em casa á espera que eu chegue, bem ou ma humurada, o que lhes interessa é que eu esteja lá. Como tenho certeza disto ? Porque sempre ouvi a pergunta "A Cátia já chegou?". Família é família, por mais brigas ou gritos ou incompreensões que possam haver.

A minha não é perfeita, de todo !! Mas ... é a minha !





À saudade que o meu avô acabou de deixar.
À heroína que é a minha mãe.
Ao orgulho que é o meu irmão.







Cátia'P (cerca de 1993)

11 de novembro de 2009

Sempre quis ser eu a escritora da minha história, a protagonista deste filme a que chamo vida e me leva por enredos cujo final sempre me é desconhecido à partida.
Sempre quis ser eu a controlar cada fio que comanda esta marioneta do destino. Ser a independente, a menina, a que tudo sabe e tudo faz, a corajosa, a lutadora, a vencedora !
Hoje apenas sorriso de saudade. Hoje sei o quão dependente sou. Trago sorrisos de saudade e felicidade por saber que, perto ou longe, aqueles que preenchem o vazio que tantas vezes espreita o meu coração, são os mais especiais, os únicos, os irmãos !

Aos melhores amigos do mundo que estão sempre, sempre lá !

Á Bárbara, á Joana, ao Pedro, á Paola, ao Filipe.
Aos que não passam um dia sem terem notícias minhas, aos que dizem e repetem e tornam a dizer que sentem a minha falta *.*

4 de novembro de 2009

Sinto de novo o teu cheiro, o teu toque. São sabores de maresia que me despertam de novo este desejo de ti. Vem cá. Toca meus lábios, trinca meu pescoço, faz-me ser tua, desta vez, mais uma vez. Não cortes o momento com falsas fantasias. O tempo está parado, é nosso. Sou tua e és dono de mim. Faz-me ser sereia no teu oceano que navega por teu corpo e lhe sente o sal.
Esta noite soam ventos de magia, de irrealidade. Por entre o bater das ondas e o cair da chuva vive feliz o meu coração. Sou de novo a criança que viste partir e nunca mais voltou. Saem gargalhadas ao ritmo do prazer. Como é tudo tão igual e ao mesmo tempo tão diferente. Não pares, não me larges, toca-me, não pares, beija-me, olha nos meus olhos, não pares, fica aqui, comigo, agora, não me largues, não pares. Beija-me... é o fim. Tenho que ir. Obrigada pelo momento.
Amanhã voltará tudo ao que era. Continuas a ser o nada que me foi tudo e deixou em mares de paixão. Não te conheço, não sei quem és. Continuo apenas a espera de uma justificação, um pedido de desculpa, um sinal de respeito. Ainda me lembro de tudo, apenas já não sinto nada.

Como é isto é bom e como sou feliz assim !

Vem cá de novo ... beija-me, não pares !